domingo, 17 de maio de 2009

Poeira


Se você:  despedaça
                 poeira
                 grão
                 Pulveriza eu.

Aí gruda pedacinho... debaixo da unha
                                      atrás da orelha, e fico.

Mas não tem te amo. Te amo, não. 
Só a carne da unha e os pelos da orelha e é aí que fico: perdida entre a cutícula e o vagão da grande malha ferro-viária. 


Meu amo recolhe os pedacinhos e junta na garganta, no entrelaço. Mas a fita é de cetim e escorrega.
                           Laço de fita pra amarrar a poeira,
                                                     enfeitar a garganta
                                          e escrever o que não está.


2 comentários:

Homem-Máquina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Homem-Máquina disse...

Migalhas de continuidade... o que vale de fato? A obra ou a essência? Há essência? Ou é carência?
O artefato que se despedaça precisa ser retransformado, e não remontado..criar uma nova alucinação semântica para voltar a ser, um algo qualquer diferente do que já foi.. os olhos da moça não brilham mais por si mesma. Só brilharão novamente se voltarem a enxergar, e pararem de refletir o que não vêem...