quinta-feira, 15 de maio de 2008

Hoje abri a carta.

Cara amiga,
De Deus não sei, há muito que não nos falamos. Mas sei de promessas. E bem sei dessa estupidez cega que é a espera de sua encarnação.
Sonho não devien. Tampouco promessas.
Têm um "q" de supraterreno. Pertencem à uma ordem atemporal, à uma realidade flutuante que não pode e não deve tocar nosso fluxo de perecimento: esmaga, entorta, deforma ao denunciar o vazio de fundamento. Obra de uma metafísica desvairada? Talvez...
Estamos condenadas a essa eternidade sôfrega, aleijada, marcada pelo não: não ser, não estar, não ter. Esse é nosso lar: o da carne que apodrece, dos olhos cegos, dos murmúrios inaudíveis

Não há junto, não há unidade.
Só há possibilidade de achegamento, toque (eis aonde reside o divino) . E as tais promessas, como estrelas distantes de impossível aconchego. Pelas quais só podemos (sempre) esperar.

Espero ter respondido sua dúvida.

Att.

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